Sunday, May 10, 2009

Entrevista para o site "Contos Fantásticos"

Entrevista: Henry Alfred Bugalho

Henry Alfred Bugalho, homem culto e articulado, já disponibilizou alguns contos para publicação aqui mesmo em Contos Fantástico e agora ele nos concede uma entrevista para falar um “pouquinho de um tudo”: livros, projetos seus e de amigos, revistas digitais, as possibilidades da literatura na Internet, a atual condição da literatura fantástica no Brasil, o mercado excludente das grandes editoras... e por aí vai.

Esta entrevista foi concedida em 15/04/2009

Henry, vamos iniciar a nossa entrevista com a pergunta padrão. Quem é Henry Alfred Bugalho?

Esta é uma pergunta profudamente filosófica... (risos)

Acho que todos nós passamos a vida procurando uma resposta para esta questão e, no decorrer de nossa existência, fazemos escolhas que tentam nos encaminhar em direção a uma solução. Não somos uma coleção de nossos gostos, nossas idiossincrasias, nem das nossas conquistas ou derrotas: somos algo para além, algo de indefinido, que não pode ser verbalizado. Bem, uma pergunta filosófica exigia uma resposta filosófica, o que já diz um pouco sobre mim, que me graduei em Filosofia, trabalhei numa videolocadora e numa livraria, e atualmente moro em Nova York, fazendo duas de minhas paixões: escrever e cuidar de cães.

Em agradecimento a sua disponibilidade e paciência para a nossa entrevista, vamos fazer um “Merchandising” gratuito para você. Como surgiu a idéia e a consequente repercussão do "Guia Nova York para mãos de vaca”.

O blog e, posteriormente, o guia "Nova York para mãos-de-vaca" é meio que uma anomalia no conjunto da minha obra. Foi o meu primeiro trabalho de não-ficção, sem relação alguma com literatura, e visava falar um pouco sobre a cidade e como se virar nela com pouca grana. Foi um trabalho que começou de maneira despretenciosa, através do blog, e que logo escapou de controle. Além disto, foi uma evidência de que, quando o leitor gosta de algo, ele faz questão de compartilhar deste gosto com as outras pessoas. A propaganda boca-a-boca foi fundamental para o sucesso do blog e do guia, e hoje não é incomum, quando encontramos algum brasileiro nas ruas ou no metrô de NY, descobrir que eles já conheciam o trabalho. Isto é algo bastante recompensador. É um projeto que ocupa bastante parte do meu tempo, pois eu e minha esposa sempre tentamos trazer conteúdos novos e conferir as dicas dadas por leitores. E este é um dos segredos da popularidade do maosdevaca.com, pois conquistamos credibilidade ao apresentarmos sempre dicas que foram verificadas por nós.

No Recanto das letras, site muito prestigiados pelos escritores amadores, o seu acervo de contos transita por vários gêneros: Terror, Ficção Científica, Insólitos e outros. Afinal, qual gênero lhe dá mais prazer de escrever?

Na minha opinião, escritor é quem escreve. Apesar de compreender a predileção que certos autores destinam a um gênero, ou a um estilo, eu defendo que o escritor tem de ser capaz de produzir obras de todos os gêneros. E esta foi uma decisão consciente que fiz, quando iniciei a redação do romance "O Covil dos Inocentes", que foi escrito diretamente num blog e dum gênero que eu não dominava (romance policial). Desde então, tento escrever contos dos mais variados gêneros - ficção científica, terror, suspense, policial, histórico, regionalista, etc. -, apenas como um modo para testar meus limites e tentar expandir o meu domínio sobre a escrita. Por durante quase dois anos, organizei uma oficina literária virtual com uma proposta semelhante, a cada 15 dias era proposto um tema e/ou um gênero, e os escritores da oficina tinham de se esforçar para produzir algo. Foi uma experiência bastante interessante e me obrigou a escrever muito nos últimos meses.

Quais são os projetos relacionados a literatura (sites, blogs, livros, e-books) que você está envolvido atualmente?

Os dois projetos que mais consomem o meu tempo são os blogs maosdevaca.com (não-ficção) e a Revista SAMIZDAT (literário). Também estou trabalhando num romance, no qual espero condensar um pouco do que disse acima: o livro terá várias partes interligadas, mas cada uma de um gênero diferente - aventura, romântico, terror... Por fim, há a Oficina Editora (www.oficinaeditora.org), que é uma editora virtual que publica e-books de autores inéditos. O acervo ainda é pequeno, mas é através dela que publico a Revista SAMIZDAT, alguns romances meus para download gratuito, e alguns projetos coletivos com outros autores.

A Revista Samizdat está no seu 15˚ número. Como surgiu a idéia deste periódico digital e quais são os temas que ele aborda?

A Revista SAMIZDAT (www.revistasamizdat.com) surgiu a partir da oficina literária que já mencionei. Tínhamos uma vintena de bons autores, produzindo textos de qualidade, mas encerrados numa espécie de conclave. Então, chegou uma hora que perguntei aos participantes: "E por que não divulgamos este trabalho num e-zine? "Muitos toparam e este foi o nascimento da SAMIZDAT. A princípio, era tudo muito tosco. Eu não tinha noção de diagramação e, ao término de um mês, a edição não era nada mais que um arquivo do Word com capa. Mas, aos poucos, o trabalho foi se aperfeiçoando e hoje é algo sofisticado e que nos envaidece bastante.

A Revista SAMIZDAT é razoavelmente livre nos temas e nos gêneros que publica. Cada autor tem autonomia para selecionar parte do conteúdo, e temos seções para resenhas literárias, contos, teoria literária, poesia, crônica, traduções, autores em língua portuguesa, autores convidados e entrevistas. No entanto, a cada 4 meses, nós preparamos uma edição especial, contemplando um gênero literário. Já publicamos edições especialis de Ficção Científica, Terror, Erótico e, agora em maio, sairá a de Humor.

“Samizdat” é um nome no mínimo estranho, para não dizer anti-comercial. Quem pensou nele e por que?

"Anti-comercial"? Não tinha pensado nisto, mas vem bem a calhar. (risos)

Na verdade, o nome da revista foi decidido através duma votação e SAMIZDAT foi considerado o "menos pior". Coincidentemente, o nome foi proposto por mim após ter lido um texto sobre o autor russo Alexandr Soljenítsin, e como ele, para burlar a repressão do regime comunista na União Soviética, publicava seus livros em publicações clandestinas, chamadas samizdats (que nada mais significa do que "autopublicado", em russo). As samizdats eram distribuídas de mãos em mãos, através de cópias datilografadas, mimiografadas ou manuscritas, e era obrigação do leitor passar as samizdats adiante.

Para mim, este conceito fazia sentido não apenas num país ou numa época repressora, mas também em nossa era digital, dividida em parte por um mercado literário excludente, que trata os autores iniciantes como restolho, em parte pela legião de blogs e autores espalhados pela internet, que também são excludentes, posto que muitos blogs não têm leitor algum. Enfim, a Revista SAMIZDAT representaria um meio de driblar a indiferença da Indústria Cultural e conquistar leitores, cuja missão seria divulgar e passar adiante esta mensagem.

Sei que estarei te colocando numa sinuca de bico, mas a revista “Samizdat” agrega um número expressivo de bons escritores amadores. Quais você considera ( tirando você mesmo ) como nomes que merecem uma chance no mercado editorial brasileiro?

Esta é realmente uma pergunta complicada, principalmente porque há autores de vários estilos, gêneros e propostas literárias na Revista SAMIZDAT. Sem dúvida que tenho minhas predileções, autores com os quais me identifico mais, ou que me dizem mais através do que escrevem. Gosto muito do que o Volmar Camargo Jr. escreve, o José Espírito Santo é dotado duma inventividade extraordinária e a Maristela Deves possui uma escrita que me faz lembrar da minha própria. É claro que há a dupla portuguesa Joaquim Bispo e Maria de Fátima Santos que são hors concour, com uma maestria invejável. Mas eu acredito que qualquer um dos autores da SAMIZDAT tem o potencial e a qualidade para ingressar no mercado, alguns já estão mais bem encaminhados (como a Mariana Valle, já publicada), enquanto outros ainda têm uma longa estrada de desafios pela frente.

Quando eu entrei em contato, via e-mail, você me disse que o projeto que atualmente mais lhe dá satisfação é a publicação da “Samizdat” e que, depois de tanto tempo, você está colhendo frutos de tal empreitada. Em que sentido você coloca a questão?

A Revista SAMIZDAT não visa lucro, então este não é um aspecto que nos importa. Todos publicam espontaneamente e participam na medida de suas capacidades: ninguém ganha nada, nem os autores, nem os revisores, nem quem faz o design da revista (isto é, eu). Este desapego é fundamental, na minha concepção, pois os nossos esforços podem se concentrar no que vamos doar, e não no que vamos receber. Por outro lado, a Revista SAMIZDAT tem conseguido atingir o nosso objetivo inicial - chegar aos leitores. As edições já foram lidas por mais de 10 mil pessoas e o blog já foi acessado por mais de 20 mil leitores. No Brasil, onde vender mil exemplares dum livro é uma vitória, podemos dizer que já obtivemos uma grande conquista ao reunirmos autores de gabarito, numa publicação periódica e, acima de tudo, termos leitores fiéis.

No “Blog do Escritor” você discorre sobre um assunto muito interessante e pertinente a respeito da publicação “on-line” de livros (e-books) digitais por escritores ainda desconhecidos em contraponto ao excludente mercado editorial brasileiro? Você poderia nos falar novamente sobre este assunto aos visitantes do site Contos Fantásticos?

A verdade é que o mercado editorial brasileiro é muito acomodado. Nenhum editor está interessado em procurar por um talento, cultivá-lo e torná-lo um autor de sucesso. O sonho de toda editora brasileira é encontrar um novo Paulo Coelho sem ter de levantar a bunda da cadeira, ou seja, eles querem um autor pronto e, mais do que isto, que seja garantia de sucesso. É o mesmo dilema do mercado de trabalho: "como é que vou conseguir experiência se ninguém me dá uma oportunidade de emprego?

"Os novos autores brasileiros estão lançados no abismo da indiferença, ignorados totalmente pelo mercado que deveria investir neles, e longe da vista dos leitores. O que acontece é que quase todo mundo tem o "complexo do best-seller". Todo autor iniciante acha que venderá milhões, por isto, distribuir gratuitamente suas obras (contos, poemas, romances...) é uma heresia. Eles esperam que uma editora os publique, para então enriquecerem.

Demora um tempo até a ficha cair e se perceber que são poucos os que ficam ricos com literatura e que um autor tem de se dar por satisfeito se chegar a vender 200 exemplares do seu livro. Literatura é um artigo de luxo, e os leitores vão optar por autores consagrados, na hora de comprar um livro, do que por um autor desconhecido. É um círculo vicioso - o que vende mais vende mais porque vende mais. Enquanto isto, os autores estreantes ou desconhecidos se digladiam por migalhas.

No entanto, a internet tem se tornado a porta de entrada para muitos autores inéditos ao universo da literatura. Um blog de sucesso, ou um e-book baixado por milhares de leitores, pode representar justamente aquilo que os editores sempre esperaram: que o próximo autor de sucesso caia no colo deles (e trazendo leitores junto). A internet pode servir de vitrine para o autor que possui talento, disciplina e algo interessante para dizer. Por outro lado, pode também significar a ruína do autor medíocre.

Além disto, acredito que uma revolução ainda está para acontecer quando se trata de remuneração. Estamos acompanhando a agonia da indústria fonográfica e cinematográfica por causa da pirataria digital. Os próximos a sofrer disto serão as editoras (é muito fácil encontrar os livros mais vendidos para download) e será preciso descobrir uma alternativa para enfrentar a pirataria. Duvido que esta solução passe por um endurecimento dos direitos autorais; na minha visão, penso que os autores terão mais liberdade, maior independência, e encontrarão na auto-publicação, ou em edições sob demanda, um caminho para a consolidação de suas carreiras. Esta descentralização (longe dos grandes conglomerados editoriais) me parece ser a nova via da Literatura.

Alguns blogs e sites como Contos Fantásticos, por exemplo, preferem filtrar os contos que publica enquanto outros deixam qualquer pessoa publicar o que lhes der na veneta. Você acha que tal liberdade ajuda ou atrapalha no processo de atrair “olheiros” das editoras ou, na sua opinião, “caça-talentos” e “olheiros” são figuras que só existem no futebol?

Eu não acredito muito nesta figura do "olheiro". Pelo que sei, já existiram caça-talentos na história da literatura brasileira, mas hoje como a oferta de autores é muito maior do que a demanda, os editores podem fazer vista grossa e aguardar até que os melhores (ou os mais vendáveis) se destaquem. É inegável também que existe muito lixo. A internet é, no fundo, um imenso lixão, no qual, às vezes, se soubermos como procurar, podemos encontrar algumas pérolas. Esta informação desenfreada é um desestímulo quando se trata de procurar conteúdo de qualidade. Contudo, a comunidade virtual possui seus mecanismos para separar o joio do trigo - como o pagerank do Google, ou o technorati - e felizmente, de um modo um tanto misterioso, o que há de bom acaba se sobressaindo, em algum momento.

Neste sentido, o Contos Fantásticos e a própria Revista SAMIZDAT são espécies de triagens, tentando selecionar o que há de bom, ou pelo menos, o que há de legível, em meio a milhões de outros autores e textos de qualidade duvidosa. Podemos estar ignorando algum gênio literário escondido em algum blog às moscas? Sim, mas a internet tem mostrado também que gênios existem às pencas, o que diferencia quem prossegue na carreira literária ou quem afunda não é apenas o talento, mas a capacidade de aguentar os trancos e seguir em frente.

Você mora em Nova York desde 2006. Qual é a diferença mais gritante relativa ao acesso à cultura (livros, teatro e cinema) entre os americanos e os brasileiros?

A primeira coisa que eu percebi é que não existem, em Nova York, tantas livrarias quanto seria de se esperar. Em Curitiba, cidade onde nasci e cresci, era mais fácil de se encontrar uma livraria ou um sebo do que aqui. Por outro lado, a cultura é muito barata e só não tem acesso a ela quem não quer: há cinemas, museus, exposições, shows gratuitos. E mesmo quando é pago, o preço é muito menor do que seria em correspondência ao Brasil. Outro aspecto que pude notar é que há uma segmentação muito nítida e, por isto, é fácil para um artista, mesmo independente, sobreviver com o que faz. Há os fãs de FC, de Terror, de Mangás, de música punk, e eles sustentam o movimento artístico que lhes agradam, comprando livros, indo a shows, ou até mesmo doando dinheiro. É uma outra relação entre produtor e consumidor cultural.

Entretanto, o que vigora nos EUA é um espírito bastante mercenário, tudo é voltado para dinheiro, para captação de verbas, para lucro, para retorno financeiro. E isto está inculcado até em autores iniciantes, que poderiam se dar o luxo de romper um pouco com este ciclo mercadológico e inovarem. A inserção no mercado é muito rápida e natural, portanto os autores americanos não precisam, na maioria das vezes, driblar os obstáculos como nós, brasileiros, precisamos. Ainda não descobri se isto é bom ou ruim.

Vamos falar um pouco do gênero fantástico na literatura brasileira. Qual a sua opinião sobre isso? Você acha que tantos blogs e sites criados na Internet podem acabar atraindo e sensibilizando as grande editoras para o assunto ou o gênero fantástico está fadado a ficar circunscrito apenas no mundo digital?

Não vejo o gênero fantástico como viável comercialmente no Brasil, ou melhor dizendo, não vejo o gênero fantástico made in Brazil como viável. Sabemos o sucesso que Tolkien, Stephen King, Rowling, C.S. Lewis, ou que filmes americanos do gênero fazem no Brasil. No entanto, são poucos autores brasileiros que conseguem se consolidar no cenário. Fomos habituados desde sempre a consumir tais produções dos americanos e, via de regra, a produção brasileira é um reflexo turvo do que se faz no exterior. Acredito que esta resistência ao que se faz no Brasil é porque ainda não se criou uma identidade do que é o "fantástico" brasileiro. Tenho a sensação que é um tanto deslocado um autor brasileiro falar de fadas, druidas ou bárbaros, mas é aquilo com que fomos alimentados desde a infância. Até os outros países da América Latina, como a Argentina, a Colômbia, a Venezuela conseguiram descobrir seus temas fantásticos, mas o brasileiro padece primeiro deste colonialismo cultural, depois de uma inclinação ao realismo social. É muito díficil romper esta cadeia e temos muito chão ainda a percorrer.

A saudosa revista 'Isaac Asimov Magazine” não vingou, mas, segundo dizem, também não deu prejuizo. Muitos periódicos digitais que vemos tem nela uma referência de dinâmica editorial parecida. Você acha que se uma outra revista, aos moldes da “Issac Asimov Magazine” surgisse nas bancas hoje ela teria sobrevivência mais auspiciosa do que nos anos noventa?

Algo que percebo é que estes grupos - de Ficção Científica, Fantasia e Terror - são bastante unidos e seriam, em tese, capazes de sustentar um esforço prolongado de publicação. Bem, há a Scarium, que já está bastante tempo no mercado. Mas os desafios são muito maiores do que o retorno e imagino que muita gente se encolha diante disto. A verdade é que insistir nestes gêneros é mais uma questão de paixão do que qualquer outra coisa. O Brasil tem todas as condições hipotéticas para promover publicações, revistas ou livros do gênero fantástico, mas na prática tudo é mais complicado. Entre um leitor falar "quando seu livro (ou revista) for publicado, vou comprá-lo", e ele comprá-lo de fato, há um abismo. (risos)

Não sei se você pode me responder esta pergunta, mas vou fazê-la mesmo assim. Como estamos na questão de representatividade no gênero Terror , Ficção Científica e Fantasia em termos de mercado editorial no Brasil?

Há muitos escritores talentosos, muita gente com vontade, porém há uma carência de novos temas, quase tudo acaba recaindo no lugar-comum e nos clichês. Isto é um tanto inevitável, já que a literatura mundial está recheada de clichês, de temas e estruturas que se repetem ad infinitum. Mas esta situação não favorece a inserção de autores inéditos. Precisamos de novidade e originalidade. Enquanto não apresentarmos algo de inovador, permaneceremos à margem do que se faz no resto do mundo. Até onde percebo, os autores de FC são os mais organizados e a Ana Cristina Rodrigues, através do Clube de Leitores de Ficção Científica, tem conseguido agregar autores e leitores. Há também as publicações como a Black Rocket, a Scarium, e a editora "Fábrica dos Sonhos". No gênero do Terror, há a galera da Necrozine e da Tarja Editorial. Existem alguns outros esforços isolados...

Fique a vontade para as suas últimas palavras?

Se alguém conseguiu sobreviver até esta última pergunta, então segue o que penso: estamos diante dum momento único na História. Vez ou outra, há uma ruptura no fluxo histórico e conceitos obsoletos são substituídos por outros. Por isto, temos de estar preparados. A internet é uma ferramenta valiosíssima para os novos autores, nunca antes uma pessoa comum, como eu ou você, teve em seu poder o mecanismo para falar diretamente às outras pessoas. Antes, para atingir as massas, era preciso passar pelo crivo dos grandes aparelhos midiáticos - TV, rádio, cinema. Hoje, qualquer um, desde que tenha algo de interessante para falar, pode chegar a milhões de pessoas através de algo tão simples como um blog. Este é um poder que não pode ser menosprezado. Há alguns anos, para um autor desconhecido, o fato de não conseguir ser publicado por uma editora comercial era o fim da estrada. Hoje, há blogueiros com mais leitores do que best-sellers; tem gente que vive apenas com a renda de seus blogs. Não consigo pensar em maior liberdade literária do que esta: você sendo o autor, o próprio editor e atingindo diretamente seu público-alvo. Não existe época mais propícia para um bom escritor.


Entrevista dada a Afonso Luiz Perereira para o site Contos Fantásticos

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