Friday, August 31, 2012

Quando desistir de escrever um projeto?


Recentemente, remexendo meus arquivos, descobri uma interessante estatística pessoal: para cada livro que concluí, há duas obras inacabadas.

Sendo mais específico, já escrevi na íntegra 7 obras longas, no entanto, tenho 15 obras inacabadas, ou seja, concluo aproximadamente 33% dos livros que já comecei a escrever.

Isto porque estou falando apenas daqueles livros que, de fato, iniciei a escrita, para os quais redigi parágrafos ou algumas páginas, pois, se fosse contar também somente as ideias para contos ou romances, esta proporção seria muito mais desigual.

Investir ou não seu tempo num projeto?

Você teve alguma excelente ideia para um livro, elaborou em sua mente ou no papel alguns pontos mais importantes da trama e também desenvolveu as características de alguns personagens.

E agora, como saber se vale investir seu tempo neste projeto?

Antes de tudo, saiba que não existem garantias algumas.

1 - você não tem como estar certo que começará e acabará o livro; e

2 - nem que seu livro será tão bom quanto você o concebeu inicialmente.

Estes são dois problemas distintos, com soluções diferentes.

No primeiro caso, você deve julgar se o projeto o estimula o bastante para você dedicar dias, semanas, meses e, às vezes, anos para desenvolvê-lo.
Nenhum livro se escreve sozinho e, apesar de haver exceções, são raros os casos de autores que conseguem produzir boas obras em poucos dias.

Se você escrever num ritmo frenético, produzindo uma dezena de páginas por dia, você levará em torno de umas duas ou três semanas para concluir um romance.
No entanto, se você for mais lento, digamos escrevendo uma página por dia, você precisará de uns seis meses para pôr o ponto-final em sua obra.

É fundamental também, antes de começar a escrever um livro, que você dedique um horário específico somente para isto. Se você não criar disciplina, você escreverá algumas páginas no primeiro dia, não escreverá nada no segundo nem no terceiro e, depois, terá perdido a mão, abandonando o projeto.

No segundo caso, se você terminou de redigir seu livro e ele não o agradou, o mais simples é deixá-lo descansar alguns meses e relê-lo depois.
É neste momento em que se inicia o trabalho de reescrita e revisão, quando você vai cortar as arestas, reduzir cenas mais longas e tediosas, desenvolver melhor um diálogo, dar uma sapecada na obra.
O trabalho de reescrita é tão lento e oneroso quanto o próprio trabalho inicial de escrita.
Demorei 10 anos reescrevendo o meu primeiro romance até ficar com a sensação de uma obra bem feita. 10 anos!

A escrita é um exercício de paciência e escrever um romance é uma tarefa frase após frase, parágrafo após parágrafo, é um ato de dedicação e perseverança.
Persistência é o segredo.

Quando abandonar um projeto pela metade?

Mas se você já começou a escrever e, lá pela metade do livro, perdeu o fogo, desapareceu aquele ânimo que o motivou a iniciar o projeto?

Isto é bastante comum e confesso ser muito frustrante para um escritor.

Pois se você escreve uma ou duas páginas e abandona o livro, você perdeu dois ou três dias de trabalho e é isto. Toca adiante para outro projeto!
Todavia, se você já escreveu 100 ou 200 páginas de um livro e, neste ponto, está começando a duvidar do que já produziu, esta é uma situação conflituosa para um autor.

Durante a escrita do meu segundo livro, um romance histórico, quando já estava na metade dele, li alguns livros de História que me fizeram mudar totalmente o rumo da trama.
Eu tinha duas opções: continuar na linha inicial, mesmo sem acreditar mais nela, ou abandonar tudo e reescrever o livro desde a primeira linha.
Escolhi a segunda alternativa. Foi muito mais trabalhoso, mas o resultado final ficou mais próximo do que eu esperava.
Não dá para investir seu tempo e labor num projeto no qual você não acredita mais.

No momento, estou escrevendo a segunda versão de um romance que iniciei em 2008. A primeira versão era com uma narrativa muito mais simples e ágil, mas não tinha a minha cara.
Depois de ter escrito umas 120 páginas neste tom, decidi que não dava mais, que aquela obra não me representava. Então, recomecei do zero, reutilizando um ou outro capítulo da primeira versão, mas com uma abordagem completamente diversa.
Repito: não dá para escrever um livro se sua alma não estiver ali.

Quando você atinge esta espécie de dilema - continuar escrevendo ou desistir? -, você precisa pesar as duas possibilidades: posso continuar o livro e depois consertá-lo na revisão, ou devo voltar para a primeira página e fazer tudo diferente?

Esta é uma decisão que somente você pode tomar.

O peso da desistência

Ao abandonar um projeto, a primeira sensação é de fracasso. Você se sentirá pequeno e questionará seu talento como escritor.
"É realmente esta a minha vocação?", você se perguntará.

A melhor terapia para estas indagações é mergulhar em outro projeto, ou recomeçar o malfadado livro que você acabou de abandonar, e trabalhar.

 Assim que você puser o ponto-final num livro, por melhor ou pior que ele seja, você se sentirá reconfortado, e isto lhe dará forças para projetos futuros.

Tudo que você precisa é escrever um livro do começo ao fim. Depois disto, você terá a certeza de que é capaz. Mesmo desistindo ou fracassando posteriormente, aquele livro concluído lhe dará força para começar e concluir outros projetos futuros.

Por fim, você sempre poderá retomar os livros ou projetos abandonados um dia, caso aquela ideia esteja mais madura e sofisticada.
Poder retornar a uma obra inacabada, com uma visão mais lúcida sobre ela e com maior experiência, e concluí-la é também uma grande desafio para qualquer escritor. E muitas vezes resulta em livros extraordinários.

Saturday, August 25, 2012

Quer publicar seu livro? Então abra o olho para as editoras picaretas


Finalmente, você acabou de escrever e revisar seu primeiro livro.

Esta já é uma grande vitória, posto que a maioria dos candidatos a escritores não consegue sequer superar esta primeira etapa.

Em seguida, vem o desespero da publicação. "Não basta ter escrito um livro, é preciso publicá-lo", pensa o autor e, para isto, ele estará disposto a fazer qualquer coisa, qualquer coisa mesmo.

Eu lhe asseguro que publicar um livro é até mais fácil do que escrevê-lo, desde que você tenha uma poupancinha para arcar com todas as despesas.

"Mas eu não tenho um tostão guardado", você pensa. Então sua vida não será nada fácil nos anos que se seguem à escrita de seu livro.

Como publicar seu livro?

Você terá algumas opções iniciais:

1 - pagar uma publicação independente;

2 - enviar originais para grandes editoras comerciais;

3 - enviar originais para editoras médias e pequenas;

4 - pagar para ser publicado pelo selo de alguma editora.

Se você for um autor desconhecido, sem costas quentes (entenda-se, sem padrinhos ou amigos importantes no mercado editorial), a possibilidade de ser publicado de cara por uma grande editora é próxima de zero. Sendo otimista...

Editoras médias e pequenas podem até ter uma abertura maior para autores estreantes, por outro lado, possuem catálogos mais enxutos e publicam bem menos livros anualmente.

Isto é, restaram duas opções pagas.

A tiragem independente, que custará mais caro, mas, se as vendas forem boas o potencial de lucro será muito maior, ou o selo pago de alguma editora, que pode ser uma editora picareta.

Explorando os sonhos alheios

Muitas destas pequenas editoras que cobram de autores nasceram de iniciativas honestas de também escritores que também tiveram dificuldades para publicarem seus primeiros livros.

Frequentemente, para você integrar o mercado editorial, o caminho mais rápido é, além de ser escritor, tornar-se também um editor.

Por outro lado, várias destas editoras também surgem somente de interesses comerciais, de gente que encontra no desespero dos escritores um filão mercadológico importante.
São editores que sobrevivem às custas da exploração dos sonhos alheios. E é aí que você tem de tomar cuidado.

Publicar não é o fim

Uma vez que você tenha seu livro pronto em mãos, editado e publicado, é quando você se dá conta que publicar não é o fim do caminho.

O mais difícil do ofício da escrita é fazer com que os livros cheguem às mãos dos leitores e, na maioria das situações, isto só ocorrerá com o esforço direto e constante do próprio autor.
As grandes editoras possuem os autores de renome que sempre receberão mais atenção do que os novatos.
As editoras medianas também investirão seus recursos, isto se chegarem a investir qualquer coisa, nos livros que vendem mais.
Já a editoras pagas, não investirão nada, isto se não cobrarem um adicional do autor por um pacote de marketing do livro.

Como identificar uma editora picareta?

Não é fácil separar o joio do trigo no mercado editorial brasileiro, pois mesmo grandes editoras pisam na bola com seus autores.

Mesmo assim, existem alguns indícios que você está caindo no conto do vigário quando:

a - existem taxas de leitura de originais.
Isto é simples. A editora cobra uma alta taxa de leitura, recusa a maioria dos originais recebidos e faz um caixa somente assim, sem precisar editar e publicar livro algum.

b - o valor cobrado pela revisão, edição, diagramação, impressão e distribuição é alto demais
Você precisa pesquisar antes de meter os pés pelas mãos. Faça orçamentos com gráficas para ter uma noção de quanto custaria para fazer uma tiragem de mil exemplares de seu livro.
Este será o seu referencial.
Se, por acaso, o que a editora está cobrando de você se aproximar do valor da gráfica, pense duas vezes.
Será que não compensaria mais que você mesmo arcasse com todas as despesas e vendesse seu livro de porta em porta?
Não é uma tarefa fácil, mas os retornos podem ser melhores, além de você estar lidando com uma pessoa na qual confia: você mesmo.

c - pesquise o histórico das editoras na internet
Hoje em dia, não há desculpas para cair no conto do vigário.
Com a internet, você pode descobrir sobre a reputação de qualquer editora/editor em questão de segundos, além de ouvir histórias de autores revoltados que já foram passados para trás.

Conclusão

Eu entendo que você queira ver seu livro publicado, mas não adianta se precipitar.

Se escrever um livro é como ter um filho, pare e reflita: "você entregaria seu filho nas mãos de qualquer imbecil, que poderia prejudicá-lo?"

A carreira de escritor exige muita paciência e cautela. O trabalho do autor não é somente escrever livros, mas também fazer decisões acertadas e vestir a camisa na hora de promover e vender suas obras.

Como se já não fosse difícil, os autores ainda tem de se esquivar dos pilantras de plantão.

Você conhece alguma editora picareta e possui uma história para compartilhar conosco?
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