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Plano da Lição
Lição 3: O método composto para criação de personagens
Visão Geral
Nesta lição, você aprenderá como criar personagens ficcionais através de composição -- combinando características de várias pessoas reais.
Tempo Estimado
Levará umas 2 horas para completar esta lição.
Objetivos
Após completar estas lição, você:
- compreenderá os riscos de se usar pessoas reais tais como elas são, numa obra ficcional.
- aprenderá como você construir, com sucesso, personagens compostos.
Atividade
Durante esta lição, você completará a seguinte atividade:
- Atividade de escrita: criando um personagem composto
Dissertação e Debate
Lição 3: O Método composto para criação de personagens
Na última lição, falamos sobre como basear seus personagens ficcionais em pessoas reais, aquelas que estão no mundo ao seu redor. Agora, nosso enredo está prestes a ficar intrincado. Este processo está prestes a se tornar mais complexo.
Você verá que, geralmente, não basta apenas catar uma pessoa real e jogá-la nas páginas de sua história. Mesmo se um personagem for inspirado numa pessoa de fato, ele ainda precisa se tornar um personagem ficcional -- algo bastante diferente de um ser humano verdadeiro. Personagens são realistas, mas ainda assim eles não são reais.
Conseqüentemente, ao escrever ficção, você deve criar personagens. Para a maioria dos escritores, a maior parte deste ato de criação ocorre antes que a escrita da história comece de fato. Isto pode soar um pouco como lição de casa... Bem, mas é! Porém, geralmente, o resultado vale o esforço.
Os Riscos de Fotocopiar Pessoas
Primeiro, vejamos algumas razões por que personagens devem ser ficcionalizados. (Sua lição de casa será mais prazerosa se você entender o propósito e a necessidade dela).
Falando bem a verdade, há inúmeros riscos de se fotocopiar pessoas, isto é, lançando pessoas reais numa história sem ficcionalizá-las. Um deles, você pode perder alguns amigos. Mas esta não é a única razão.
Pessoas reais vivem vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana, e tanta coisa se passa em suas vidas e dentro de suas cabeças que é literalmente impossível capturar tudo no papel, dum modo que seja verdadeiramente realista. Simplesmente, há muito material. Personagens ficcionais exigem muito mais foco do que pessoas da vida real. Senão, os leitores, isto para não mencionar o próprio escritor, se perderão.
Além disto, é difícil -- na verdade, impossível -- acessar o íntimo de alguém além do seu próprio. A despeito de quão bem você conheça alguém, você nunca terá certeza absoluta sobre o que ele ou ela está pensando, sentindo, almejando e temendo. E estas são coisas que você, o escritor, desejará saber sobre a maioria de seus personagens.
Reflita sobre Jay Gatsby. Ele é um mistério total para nós, a princípio, e para nosso narrador, Nick. Gradativamente, começamos a descobrir o que está por detrás do aparentemente impenetrável exterior. No capítulo 6, nos é desvelada a verdade sobre a humilde proveniência centro-ocidental de James Gatz -- uma verdade que é bem diferente da verdade que o próprio Gatsby revela. Em certo sentido, Gatsby é duas pessoas. No final deste capítulo, temos um vislumbre da apresentação, que muda a vida dele, entre Gatsby e Daisy, revelada no rapsódico trecho, que começa com "Numa noite de outono...". Descobriremos ainda mais sobre Gatsby nos capítulos subseqüentes. Se você for inspirar seus personagens em pessoas reais da sua vida, você terá de conhecê-las tão bem quanto Fitzgerald conhecia Gatsby. Muitos de nós não conhecem as pessoas bem deste modo.
Mas se você estiver pensando, nesta altura, "Eu conheço alguém muito melhor do que Fitzgerald conhecia Gatsby. Eu me conheço. Eu inspirarei um personagem, vários deles, em mim mesmo. Isto será fácil!"
Ah é? Você acha que se conhece tão bem? Hum, talvez. Mas pense um pouco sobre isto. Seu conhecimento sobre si mesmo é subjetivo, isto é, você se conhece apenas interiormente, não pode se ver a si mesmo desde fora. Você não possui objetividade sobre quem você é e sobre o que você faz. Escrever ficção totalmente autobiográfica é um empreendimento muito imprevisível. Isto é algo que vemos, de tempos em tempos, nas aulas de ficção na Gotham Writer's Workshop. Personagens inspirados no próprio autor são, comumente, sempre os mais planos, os menos distintos e os menos convincentes.
Paradoxicalmente, é também possível conhecer algumas pessoas bem demais. Ao escrevermos sobre nós mesmos, nossos parentes ou melhores amigos, possuímos a tendência de pressupor boa parte das informações. Você sabe que seu pai levou você, seu irmão e sua irmão, de Anaheim a Orlando várias vezes, quando vocês eram crianças, porque ele era obcecado pelo Mickey Mouse. Talvez você saiba disto tão entranhadamente que se esquece do contar aos leitores.
Por fim, um personagem inspirado num indivíduo próximo do escritor dificilmente o surpreenderá, tampouco agradará o leitor. Uma das melhores coisas, durante a escrita de uma história, é quando os personagens levam o escritor a direções inesperadas. Eles se mantém fiéis aos fatos, ao invés de simplesmente seguirem os mandatos ou as orientações da história.
Você se lembra da Mulher Misteriosa da última dissertação -- aquela que aparece no seu ponto de ônibus com um livro diferente em mãos todo dia? E se ela fosse, ao invés duma estranha, uma colega de trabalho ou amiga casual? Então, você saberia porque ela está com um livro diferente todo dia. Você saberia que ela está fazendo um curso de leitura dinâmica e, assim, ela pode devorar um romance de 350 em pouco mais de uma hora.
Se você se apegar demais a quem a pessoa é de verdade, dificilmente você teria inventado o aprazível cenário que criamos, no qual a mulher de fora da cidade finge ler um livro diferente a cada dia, na esperança de conhecer um estranho. Não lhe ocorreria que a razão fosse algo diferente do que leitura dinâmica. Ao ficcionalizar a pessoa, você abre um leque de possibilidades interessantes para escolher.
Complicado, não é? Nada disso. Aqui, há uma solução simples para todos os problemas discutidos acima.
(continua...)
Plano da Lição
Lição 3: O método composto para criação de personagens
Visão Geral
Nesta lição, você aprenderá como criar personagens ficcionais através de composição -- combinando características de várias pessoas reais.
Tempo Estimado
Levará umas 2 horas para completar esta lição.
Objetivos
Após completar estas lição, você:
- compreenderá os riscos de se usar pessoas reais tais como elas são, numa obra ficcional.
- aprenderá como você construir, com sucesso, personagens compostos.
Atividade
Durante esta lição, você completará a seguinte atividade:
- Atividade de escrita: criando um personagem composto
Dissertação e Debate
Lição 3: O Método composto para criação de personagens
Na última lição, falamos sobre como basear seus personagens ficcionais em pessoas reais, aquelas que estão no mundo ao seu redor. Agora, nosso enredo está prestes a ficar intrincado. Este processo está prestes a se tornar mais complexo.
Você verá que, geralmente, não basta apenas catar uma pessoa real e jogá-la nas páginas de sua história. Mesmo se um personagem for inspirado numa pessoa de fato, ele ainda precisa se tornar um personagem ficcional -- algo bastante diferente de um ser humano verdadeiro. Personagens são realistas, mas ainda assim eles não são reais.
Conseqüentemente, ao escrever ficção, você deve criar personagens. Para a maioria dos escritores, a maior parte deste ato de criação ocorre antes que a escrita da história comece de fato. Isto pode soar um pouco como lição de casa... Bem, mas é! Porém, geralmente, o resultado vale o esforço.
Os Riscos de Fotocopiar Pessoas
Primeiro, vejamos algumas razões por que personagens devem ser ficcionalizados. (Sua lição de casa será mais prazerosa se você entender o propósito e a necessidade dela).
Falando bem a verdade, há inúmeros riscos de se fotocopiar pessoas, isto é, lançando pessoas reais numa história sem ficcionalizá-las. Um deles, você pode perder alguns amigos. Mas esta não é a única razão.
Pessoas reais vivem vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana, e tanta coisa se passa em suas vidas e dentro de suas cabeças que é literalmente impossível capturar tudo no papel, dum modo que seja verdadeiramente realista. Simplesmente, há muito material. Personagens ficcionais exigem muito mais foco do que pessoas da vida real. Senão, os leitores, isto para não mencionar o próprio escritor, se perderão.
Além disto, é difícil -- na verdade, impossível -- acessar o íntimo de alguém além do seu próprio. A despeito de quão bem você conheça alguém, você nunca terá certeza absoluta sobre o que ele ou ela está pensando, sentindo, almejando e temendo. E estas são coisas que você, o escritor, desejará saber sobre a maioria de seus personagens.
Reflita sobre Jay Gatsby. Ele é um mistério total para nós, a princípio, e para nosso narrador, Nick. Gradativamente, começamos a descobrir o que está por detrás do aparentemente impenetrável exterior. No capítulo 6, nos é desvelada a verdade sobre a humilde proveniência centro-ocidental de James Gatz -- uma verdade que é bem diferente da verdade que o próprio Gatsby revela. Em certo sentido, Gatsby é duas pessoas. No final deste capítulo, temos um vislumbre da apresentação, que muda a vida dele, entre Gatsby e Daisy, revelada no rapsódico trecho, que começa com "Numa noite de outono...". Descobriremos ainda mais sobre Gatsby nos capítulos subseqüentes. Se você for inspirar seus personagens em pessoas reais da sua vida, você terá de conhecê-las tão bem quanto Fitzgerald conhecia Gatsby. Muitos de nós não conhecem as pessoas bem deste modo.
Mas se você estiver pensando, nesta altura, "Eu conheço alguém muito melhor do que Fitzgerald conhecia Gatsby. Eu me conheço. Eu inspirarei um personagem, vários deles, em mim mesmo. Isto será fácil!"
Ah é? Você acha que se conhece tão bem? Hum, talvez. Mas pense um pouco sobre isto. Seu conhecimento sobre si mesmo é subjetivo, isto é, você se conhece apenas interiormente, não pode se ver a si mesmo desde fora. Você não possui objetividade sobre quem você é e sobre o que você faz. Escrever ficção totalmente autobiográfica é um empreendimento muito imprevisível. Isto é algo que vemos, de tempos em tempos, nas aulas de ficção na Gotham Writer's Workshop. Personagens inspirados no próprio autor são, comumente, sempre os mais planos, os menos distintos e os menos convincentes.
Paradoxicalmente, é também possível conhecer algumas pessoas bem demais. Ao escrevermos sobre nós mesmos, nossos parentes ou melhores amigos, possuímos a tendência de pressupor boa parte das informações. Você sabe que seu pai levou você, seu irmão e sua irmão, de Anaheim a Orlando várias vezes, quando vocês eram crianças, porque ele era obcecado pelo Mickey Mouse. Talvez você saiba disto tão entranhadamente que se esquece do contar aos leitores.
Por fim, um personagem inspirado num indivíduo próximo do escritor dificilmente o surpreenderá, tampouco agradará o leitor. Uma das melhores coisas, durante a escrita de uma história, é quando os personagens levam o escritor a direções inesperadas. Eles se mantém fiéis aos fatos, ao invés de simplesmente seguirem os mandatos ou as orientações da história.
Você se lembra da Mulher Misteriosa da última dissertação -- aquela que aparece no seu ponto de ônibus com um livro diferente em mãos todo dia? E se ela fosse, ao invés duma estranha, uma colega de trabalho ou amiga casual? Então, você saberia porque ela está com um livro diferente todo dia. Você saberia que ela está fazendo um curso de leitura dinâmica e, assim, ela pode devorar um romance de 350 em pouco mais de uma hora.
Se você se apegar demais a quem a pessoa é de verdade, dificilmente você teria inventado o aprazível cenário que criamos, no qual a mulher de fora da cidade finge ler um livro diferente a cada dia, na esperança de conhecer um estranho. Não lhe ocorreria que a razão fosse algo diferente do que leitura dinâmica. Ao ficcionalizar a pessoa, você abre um leque de possibilidades interessantes para escolher.
Complicado, não é? Nada disso. Aqui, há uma solução simples para todos os problemas discutidos acima.
(continua...)
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