(El Conquistador, de Fernando Botero - http://www.invertirenarte.es/mercadodearte/imagenes/2007-8/octubre%2013/retiro_fernando_botero_el_conquistador.JPG)
A Revolução Cubana, em 1959, inseriu a América Latina no panorama global.
No quintal de sua casa, os EUA assistiram à instalação de um regime comunista, que representaria uma potencial porta de entrada da URSS no país. Na intrincada dinâmica da Guerra Fria, Cuba se tornou uma importante peça no jogo, mas, além dos aspectos geopolíticos, fez com que os olhos do mundo se voltassem para a cultura latino-americana. Como sempre, os ianques precisavam conhecer seus inimigos para derrotá-los.
Podemos considerar este evento como o início do boom da literatura latino-americana, quando autores como Cortázar, Garcia Marquez, Vargas Llosa, Carlos Fuentes e Alejo Carpentier despontaram no cenário literário internacional e se tornaram as estrelas da vez.
Para compreendermos este fenômeno, e também sua vertente mais marcante — o chamado “realismo mágico”, ou “fantástico” —, devemos, antes de tudo, dividirmos estes dois termos, “realismo” e “mágico”, encontrarmos suas origens e correlacioná-los ao uso feito pela literatura latino-americana.
O mágico na Literatura
O aspecto extraordinário e fantástico sempre esteve presente na Literatura. Desde a relação íntima entre deuses e homens de Homero, onde as divindades interferiam na vida mundana, participavam ativamente dos eventos, o sobrenatural e o inexplicável foram incorporados pela Literatura e utilizados para expressar uma verdade maior.
A realidade, tal qual, fornecia os elementos básicos da narrativa literária, posto que os autores eram pessoas como outras quaisquer e buscavam em suas épocas e no comportamento de seus contemporâneos a inspiração, no entanto, a verdade pertencia a um plano superior, algo próximo a um platonismo literário, no qual a verdade sempre estaria para além do que os olhos enxergavam — o Livro do Mundo sempre nos remetia ao Livro do Universo, o microcosmo como manifestação do macrocosmo.
Fosse no contexto clássico, com o panteão grego ou romano, fosse no contexto cristão, com uma divindade todo-poderosa, a tradição literária expressou, em vários momentos, suas mensagens através do fantástico: Dante desceu aos infernos, conduzido pelo poeta romano Virgílio, para se encontrar com sua Beatrice; as lendas do ciclo arturiano apresentaram cavaleiros em busca do mítico Santo Graal; em Rabelais, os gigantes Gargântua e Pantagruel atravessavam a França, guerreando e festejando, e partiram em busca de Théleme, uma abadia fictícia onde poderiam encontrar a verdade; Fausto entregou a alma a Mefistófeles em troca da sabedoria.
De fato, o fantástico não permeava apenas as obras ficcionais, mas também narrativas que se pretendiam verídicas. Em Heródoto, o extraordinário estava presente o todo tempo, mesclado a eventos históricos, e a própria Bíblia propaga tradições orais calcadas no fantástico, tais como os milagres e ressurreição de Jesus.
E esta predominância do mágico não era um problema para autores e leitores, até o Racionalismo entrar em cena e, como afirmou Descartes, daquele ponto em diante só se poderia confiar no “certo e indubitável”, e não mais em meras fantasias (Meditações Metafísicas, 1641).
O realismo na Literatura
É impossível de se determinar o momento exato em que a razão passou a ter a primazia. No entanto, é evidente que entre o final do século XV e o começo do século XVII, houve profundas transformações nos saberes, na cultura e na política da civilização ocidental.
As grandes navegações significaram uma mudança nos planos político e econômico, enquanto que nos campos especulativos, as reflexões de René Descartes, as descobertas de Copérnico, Galileu e Newton, trouxeram uma cisão com os conhecimentos de outrora.
Obviamente que esta profunda revolução intelectual se disseminaria pelo mundo ocidental e influenciaria as Artes e a Literatura. É durante este período que a Renascença européia atingiu seu auge, com expoentes como Leonardo Da Vinci, Miguelangelo e Rafael, na Itália, e Albrecht Dürer, na Alemanha. Enquanto que, na Espanha, despontou aquele que seria, na opinião de Foucault (As Palavras e as Coisas, 1966), o primeiro escritor moderno, Miguel de Cervantes.
A obra de Cervantes é, neste sentido, bastante intrigante, ao observamos sua construção: Dom Quixote é um senhor que, por causa da leitura excessiva de romances de cavalaria, decide ele próprio se tornar um cavaleiro andante. A realidade da Espanha de Dom Quixote não corresponde em nada ao mundo dos livros que ele lia, o que não o impede de visualizar, em sua imaginação ou delírio, gigantes, cavaleiros inimigos, belos corcéis e princesas, quando tudo não passa de moinhos de vento, viajantes pegos de surpresas, pangarés e moças desdentadas.
O personagem Quixote não pertence a dois mundos que se tocam, como os heróis das épocas anteriores, mas sim a dois universos que repelem. Em “Dom Quixote”, a realidade e o imaginário são antagônicos.
Esta foi uma tendência que se acentuou com o passar dos anos, a ponto que, nos séculos XVII e XVIII, o realismo já predominava. Em “Robinson Crusoé”, considerado o primeiro romance inglês, há uma ausência total do fantástico. Daniel Defoe escolheu um homem comum, com uma vida comum, mas diante duma situação incomum — o naufrágio. Contudo, as soluções do romance são plausíveis em comparação à realidade.
Para a literatura moderna, além da verossimilhança interna, a escrita também precisava se aproximar do real. Balzac e Dickens foram dois mestres neste campo: eles recriaram ficcionalmente situações e caracteres de suas cidades — Paris de Balzac e Londres de Dickens, se não eram cópias exatas, eram retratos minuciosos do mundo em que viviam.
O Naturalismo, durante o século XIX, significaria a hipérbole do realismo e, na figura de Émile Zola, buscou reproduzir a realidade em sua imundície, relevando um determinismo científico.
Após séculos de domínio do mágico, a Literatura ocidental se dobrou à realidade.
Kafka e o mundo inexplicável
Mas a transição para o século XX expôs as fragilidades da razão.
Nietzsche talvez tenha sido o primeiro grande intelectual a identificar a razão como deturpadora, em oposição aos sentidos. A razão distorceria a realidade, ao tentar unificá-la em conceitos e buscar uma essência para as coisas.
O filósofo alemão retraça o domínio da razão desde Sócrates até seus tempos, sob a inquestionável influência de Kant e Hegel, e desfere golpes letais contra o pensamento ocidental.
Não é à toa que Nietzsche se tornaria referência para toda uma geração futura de pensadores e artistas e apontaria para novos rumos criativos.
Nas Artes e na Literatura, a virada para o século XX foi de profundas transformações e de acirrado ataque à tradição. Durante a primeira metade do século, incontáveis movimentos de vanguarda se proliferaram pela Europa e Estados Unidos, imbuídos dum único compromisso: arrastar a Arte para fora de seu conformismo, testar seus limites e renová-la.
É neste ponto em que a realidade novamente se encolhe diante de sua representação. Artistas como Picasso, Kandinsky, Dalí, Braque, se descolam do realismo e recriam a realidade de outra maneira. O mesmo fenômeno também ocorreria em outros campos artísticos, como na música, na escultura, na fotografia, e principalmente na literatura. Este foi o momento de buscar o real na finitude do Homem, dentro de sua própria psique e do tempo intangível. Proust, Joyce, Breton, Sartre, Camus, Virginia Woolf, Samuel Beckett, entre outros, assumiram a linha de frente deste embate contra a tradição e conduziram a literatura a novos patamares.
Distante dos grandes centros culturais e dos movimentos estéticos, Franz Kafka foi um destes autores que incorporaram o espírito de seu tempo e, através de sua escrita, apresentou possibilidades criativas inéditas e restaurou a presença do fantástico. Nas obras de Kafka, o real e o mágico voltaram a se tocar, o segundo invadindo o primeiro duma maneira assustadora, não mais com a naturalidade dos tempos antigos, mas sim com a aporia da era industrial.
Em “A Metamorfose”, por exemplo, obra na qual o protagonista Gregor Samsa desperta tornado um inseto repugnante, o inexplicável só é acentuado pelo absurdo de que, mesmo metamorfoseado num bicho, tudo que o personagem mais deseja é se levantar e ir trabalhar, para não receber um esporro do chefe.
De maneira abrupta e, de certo modo, violenta, o fantástico reassumiu sua posição. Com a crise da razão, o mundo não precisava mais de explicação.
O modernismo europeu e os acólitos latinos
Tais vanguardas modernistas se disseminariam pelo mundo, alcançando inclusive a América Latina.
Em 1922, ocorreu no Brasil a Semana de Arte Moderna, que tornou pública toda uma geração de artistas brasileiros, como Tarsila de Amaral, Di Cavalcanti, Anita Malfatti, Brecheret, Villa-Lobos, Mário e Oswald de Andrade, para citar alguns. Obviamente estimulados pelas vanguardas européias, eles assumiram o compromisso de digerir as propostas de revolução artística e regurgitá-las com a voz e identidade brasileiras.
Algo semelhante também ocorreria em outros países da América Latina e, na Argentina, Jorge Luis Borges seria um dos autores que acompanharia a onda dos modernistas.
Borges, o criador de labirintos
O argentino Jorge Luis Borges é uma grande sombra pairando sobre a literatura latino-americana. Por décadas, foi quase impossível escapar de sua influência.
Primeiro, ele pertenceu ao movimento ultraísta argentino e fundou algumas revistas, como Cosmópolis, Prisma e Proa. Dedicou-se, no início de sua carreira literária, à poesia, mas seria durante a maturidade que ele produziria suas mais importantes obras, em prosa, entre elas “Ficções” e “O Aleph”, isto durante entre as décadas de 1930 e 1950.
As narrativas de Borges são permeadas de paradoxos, intertextos, referências fictícias e muitas vezes abordam o processo de criação literária. Leitor de Kafka, Edgar Allan Poe e Joyce, Borges condensou o espírito duma geração em crise e sublimou este esfacelamento da noção de verdade e referência em seus contos.
Não é acidentalmente que, posteriormente, Borges seria acolhido pelos teóricos estruturalistas, que encontrariam em seus textos a expressão desta cisão, deste corte epistemológico. O universo de Borges não era utópico, posto que não apresentava um mundo idealizado, nem distópico, já que não representava uma outra realidade decadente e opressora, mas sim paratópico (Foucault, no prefácio de “As Palavras e as Coisas”), no qual, em alguns casos, nem as regras físicas da nossa realidade vigoravam, tal qual ocorre no conto “Tlön, Uqbar, orbis tertius” ou na antologia “Livro dos Seres Imaginários”, escrito em parceria com Margarita Guerrero.
Para Borges, a literatura era um “orbe autônomo”, descolado da realidade, e onde tudo é possível de acordo com a vontade do autor.
Esta falta de engajamento, que transparecia neste ideal duma literatura voltada para a própria literatura, seria o calcanhar de Aquiles de Borges, cotado várias vezes para receber o prêmio Nobel, mas repudiado por causa de sua falta de comprometimento político e também pelo equivocado apoio ao governo peronista e ao golpe militar de Pinochet no Chile.
Em 1960, a obra de Borges já havia sido traduzida para inúmeros idiomas e era acolhida pela crítica e público internacional.
Este escritor, que durante praticamente toda a vida lutou contra problemas de visão e morreu completamente cego, enxergou mais longe de que muitos de seus contemporâneos, e traçou o caminho para a geração seguinte, que conquistaria o mundo com suas histórias extraordinárias.
O Boom e seus estilhaços
Num intervalo de poucos anos, vários autores da América Espanhola publicaram seus livros e se tornaram sucesso de vendas e crítica.
Há pouco consenso sobre qual livro teria inaugurado, de fato, a geração do Boom, mas “O Jogo da Amarelinha” de Julio Cortázar é um forte candidato, ao lado de “A Cidade e os Cachorros” de Mario Vargas Llosa, ambos publicados em 1963. Numa sucessão vertiginosa, vieram as principais obras de Carlos Fuentes — “A Morte de Artemio Cruz” e “Aura” — e aquele romance que talvez condense melhor o espírito da literatura do boom, “Cem Anos de Solidão”, de Gabriel García Márquez, de 1966.
Na obra “Spanish American Fiction”, o pesquisador Donald L. Shaw apresenta as seguintes características da literatura do boom:
“1. O desaparecimento do velho romance “criollista”, ou “telúrico”, de tema rural, e o surgimento do neo-indigenismo de Asturias e Arguedas.
2. O desaparecimento do romance “engajado” e o surgimento do romance “metafísico”.
3. A tendência a subordinar a observação à fantasia criadora e à mitificação da realidade.
4. A tendência de enfatizar aspectos ambíguos, irracionais e misteriosos da realidade e da personalidade, desembocando, às vezes, no absurdo como metáfora da existência humana.
5. A tendência a desconfiar do conceito de amor como suporte existencial e de enfatizar, em troca, a incomunicabilidade e a solidão do indivíduo. Antirromantismo.
6. A tendência a desprover de valor o conceito de morte num mundo que, por si só, é infernal.
7. A revolta contra toda espécie de tabu moral, sobretudo aqueles relacionados à religião e à sexualidade. A tendência paralela a explorar a tenebrosa magnitude de nossa vida secreta.
8. Um emprego maior de elementos eróticos e humorísticos.
9. A tendência a abandonar a estrutura linear, ordenada e lógica, típica do romance tradicional (e que refletia um mundo concebido como mais ou menos ordenado e compreensível), substituindo-a por outra estrutura baseada na evolução espiritual do protagonista, ou com estruturas que refletem a multiplicidade do real.
10. A tendência a subverter o conceito de tempo cronológico linear.
11. A tendência a abandonar os cenários realistas do romance tradicional, substituindo-os por espaços imaginários.
12. A tendência a substituir o narrador onisciente em terceira pessoa por narradores múltiplos ou ambíguos.
13. Um emprego maior de elementos simbólicos.”
Muitos destes elementos já haviam sido explorados, em separado, pelo romance modernista, mas a verdadeira novidade foi o tom e a engenhosidade dos autores latino-americanos.
Julio Cortázar, em entrevista a Joaquin Soler Serrano, tentou reverter a imagem de que o boom não passava duma manobra editorial. Segundo Cortázar, ele e outros expoentes do boom haviam iniciado suas carreiras literárias com dificuldade, publicando pequenas tiragens independentes e conquistando os leitores de maneira espontânea.
Não há razão para duvidarmos desta afirmação, mas também não podemos questionar o papel do mercado editorial. As editoras, como quaisquer outras empresas capitalistas, visam o lucro e, para tanto, buscam agregar autores e obras em seus catálogos que maximizem tal lucro. Os primeiros a identificarem o fenômeno entre os autores latinos foram as casas editoriais espanholas, mas, sem dúvida, a entrada do mercado norte-americano foi fundamental para a propagação e consolidação do boom.
Em 1970, os EUA e o mundo já haviam sido conquistados pela literatura hispânica da América. No entanto, considera-se que o final do boom, e a consequente transição para a geração pós-boom, tenha ocorrido exatamente nesta época, quando os abusos do regime castrista em Cuba começaram a abalar a confiança da intelectualidade na experiência comunista na América.
Contudo, sem dúvida, o boom significou a inserção da literatura latino-americana no cenário internacional, ao mesmo tempo em que se projetou como uma maldição para as gerações vindouras de escritores da América Espanhola, que acabaram coagidos a se inserirem nas temáticas e formas adotadas pelos autores do boom, sob o risco de serem rechaçados como párias.
O próprio Cortázar admoestou sobre os perigos de se considerar que todo escritor latino-americano seria, naturalmente, um grande prosador, e que o sucesso de alguns e o orgulho não deveriam ofuscar as possibilidades criativas.
Foi no rastro do boom, ou em oposição a ele, que a geração literária seguinte teve de encontrar sua identidade.
Pós-boom e a geração McOndo
Este artigo não estaria completo se não nos detivéssemos, por alguns instantes, para observarmos os efeitos do boom. Os autores exponenciais, como Cortázar, García Marquez, Vargas Llosa e Carlos Fuentes continuaram escrevendo, e fazendo sucesso, mesmo após o término do boom.
E adotando várias das técnicas e/ou características da narrativa deles, alguns outros autores conseguiram romper a barreira do anonimato, entre eles Isabel Allende, Laura Esquivel, Elena Poniatowska, António Skármeta, Gustavo Sainz e Manuel Puig — em muitos casos, com uma escrita tipo exportação, visando o público internacional, que já sabia o que esperar da literatura latino-americana.
Além destes, na contramão do realismo mágico, surgiu um grupo de escritores, encabeçados por Alberto Fuguet, agregados pelo movimento McOndo, uma corruptela do nome da cidade fictícia de Macondo, criada por García Márquez.
Fuguet define McOndo assim:
“(...) Chegamos a pensar que a América Latina era uma invenção dos departamentos de espanhol das universidades norte-americanas. Saímos para conquistar McOndo, e só descobrimos Macondo. Estávamos em sérios problemas. As árvores da selva não nos deixavam ver a ponta dos arranha-céus.
(...)
O nome (marca-registrada?) McOndo é obviamente um chiste, uma sátira, uma brincadeira. Nosso McOndo é tão latino-americano e mágico (exótico) quanto o Macondo real (que, no final das contas, não é real, mas sim virtual). Nosso país McOndo é maior, superpovoado e cheio de contaminação, com rodovias, metrô, tv-a-cabo e subúrbios. Em McOndo, há McDonald’s, computadores Mac e condomínios, além de hotéis cinco estrelas construídos com dinheiro lavado e gigantescos shopping centers. Em nosso McOndo, assim como em Macondo, tudo pode acontecer, claro que, no nosso, quando a gente voa, é porque anda de avião ou está muito drogado. A América Latina, e de algum modo, A América Espanhola (Espanha e todo o EUA latino) nos parece tão realista mágico (surrealista, louco, contraditório, alucinante) quanto o país imaginário onde as pessoas levitam ou predizem o futuro, e os homens vivem eternamente. Aqui, os ditadores morrem e os desaparecidos não retornam. O clima muda, os rios desembocam, a terra treme e Dom Francisco coloniza nossos inconscientes. (...)” (McOndo, 1996)
Alberto Fuguet e seus McOndianos se precipitam em direção à realidade, renegando um passado que, para eles, era de ilusão, alienação e de mitificação da América Latina como uma terra mágica e exótica, reforçando a imagem coletiva que já se formava, desde sempre, do subcontinente americano: florestas, selvagens, macacos e xamanismo.
Talvez a crítica de McOndo seja drástica demais, contudo, não deixa de ter sua pertinência.
Conclusão
O realismo mágico foi a via de acesso que o mundo teve da América Latina. Grandes autores se consagraram durante o período do Boom, e moldaram toda uma percepção da literatura e da cultura latino-americana.
O Brasil teve pouca importância neste processo. Alguns teóricos consideram Guimarães Rosa como um dos autores do boom, mas isto me parece um equívoco. Apesar de alguns elementos de realismo mágico na obra de Guimarães Rosa, acredito que ele esteja intimamente vinculado ao realismo social que predomina na Literatura Brasileira desde a década de 30 até hoje.
Há poucos autores de realismo mágico no Brasil, e quase todos são de vertente borgeana, de índole quase parasitária. O Boom latino-americano foi muito mais influente na Europa, arrebanhando autores como Saramago, Italo Calvino e Umberto Eco, do que no Brasil.
Entendo que, pelos limites de um artigo como este, que tentou abarcar um lapso temporal imenso (ao contrário do recomendável para trabalhos acadêmicos, do recorte, do estudo de caso), haja uma tendência a um certo reducionismo e a algumas generalizações indesejáveis. Também é inevitável que muitos autores importantes, tanto do pré e pós-boom, quanto do próprio boom, não tenham sido mencionados, mas isto é, em parte, uma falha da minha própria leitura, já que preferi me ater aos autores com os quais tive, pelo menos, algum tipo de contato.
Para saber mais
FUGUET, Alberto, Prólogo libro McOndo - http://www.marcosymarcos.com/macondo.htm
The Cambridge History of Latin America, vol. X - http://books.google.com/books?id=3NiCQFfSGIkC
Entrevista de Julio Cortázar a Joaquin Soler Sorrano, 1977 - http://www.zyntag.com/tags/video/Dgfr5k9dzfw/
SHAW, Donald L., The Post-boom in Spanish American Fiction - http://books.google.com/books?id=ZutRjqaSQlAC
Latin American Boom (Wikipédia) - http://en.wikipedia.org/wiki/Latin_American_Boom
(Publicado originalmente na Revista SAMIZDAT)
1 comment:
Muito bom o artigo. Amo este blog! Bj!
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