Sunday, May 13, 2007

Escrevendo Ficção com The Gotham Writers' Workshop (Lição 7) - parte 1

(Voltar para a Lição 6)

Plano da Lição
Lição 7: A História é uma Busca

Visão Geral

Nesta lição, você compreenderá como colocar seu personagem no enredo da história. Você verá como a força motriz por trás da maioria dos enredos é um protagonista, um forte desejo, e vários conflitos bloqueando este desejo.

Tempo Estimado

Levará algo em torno de 2 horas para completar esta lição.

Objetivos

Após completar esta lição, você:

- compreenderá a necessidade dum protagonista.
- compreenderá como dar a seu protagonista um desejo concreto.
- compreenderá como injetar conflito na história.
- compreenderá como estes elementos motivarão o enredo.
- começará a desenvolver o enredo de sua próprio história.

Atividade

Durante esta lição, você completará a seguinte atividade:

- Atividade de Escrita: Encontrando um Protagonista/Desejo/Conflito

Dissertação e Debate

Lição 7: A História é uma Busca

Personagens são cruciais em ficção. Na verdade, eles são o elemento mais crucial. Mas já sabemos isto. Contudo, ficção não sobrevive apenas de personagens. Muitos outros elementos adentram a criação duma história, e um deles é o enredo. Se os personagens são aquilo que nos fazem amar uma história, o enredo é aquilo que nos segura página após página.

Enredo é um tópico intrincado e poderíamos facilmente dedicar várias lições a este tópico. Por enquanto, vamos explorar como personagens podem nos levar a um bom enredo. Nós nos concentraremos em "O Grande Gatsby" nesta dissertação, enquanto que a tarefa de leitura desta semana apresentará um desmembramento detalhado do enredo de "Catedral".

O Protagonista

Geralmente, uma história possui apenas um personagem principal, ou protagonista. Um único protagonista é freqüentemente o melhor para os leitores se identificarem com um personagem -- para verem o mundo através, e emprenderem esta jornada, daquela pessoa. Sim, há exceções para esta regra de protagonista único. Elas estão presentes nas duas histórias que temos examinado. O narrador sem nome é o protagonista de "Catedral", e Jay Gatsby é o protagonista de "O Grande Gatsby" (mesmo que o narrador da história seja Nick).

O protagonista da história deve ser um personagem redondo, quanto mais redondo melhor. Como os melhores personagens, e como pessoas reais, o protagonista não deve ser completamente bom nem completamente mal. Ele ou ela deve ser empático; devemos conseguir vincular o protagonista a um ser humano. Mas o protagonista não deve ser uma pessoa perfeita, esta é a fórmula certa para torná-lo tedioso.

Tanto Jay Gatsby quanto o narrador de "Catedral" cumprem bem este papel. Apesar de Gatsby ser um homem cortês e decente, ele é repleto de falhas. Ele é obcecado por uma mulher casada, Daisy, que não é merecedora de toda a esperança e desejo que ele empreende para conquistá-la. Ele também mente para aumentar sua posição social e suas transações comerciais não aparentam estar dentro da Lei. O narrador de "Catedral" é ainda mais falho. Ele é tacanha, desprovido de ambição, ligeiramente maldoso, e seus únicos passatempos parecem ser TV, bebida e drogas. E, mesmo assim, ele não é inteiramente antipático e, gradualmente, nós vemos seu desejo oculto de fugir da rotina se manifestar.

Desejo

Desejo é o que move um protagonista. É habitual numa história que o protagonista tenha um desejo principal -- necessidade, vontade, ou como você queira chamar. Na verdade, é a partir disto que surge o enredo. No decorrer da história o protagonista está tentando conseguir algo que queira e, no final na história, ele/a conseguirá ou não obter. Chame isto de uma busca, semelhante às buscas impostas aos heróis e heroínas dos mitos antigos.

Jay Gatsby tem um desejo muito evidente. Ele quer Daisy Buchanan. Ele dedica sua vida inteira a esta busca e nunca titubeia através do livro. Ele ganha dinheiro para impressionar Daisy, ele constrói uma mansão dentro do campo de visão da casa de Daisy, assim ele pode vigiá-la e ela pode ver sua riqueza. Ele se torna amigo de Nick, primo de Daisy, assim Nick pode dar um jeito de ele se encontrar com Daisy. E assim por diante. O desejo de Gatsby por Daisy dá à história um foco definido, que é, como vimos na primeira lição, um aspecto importante da narrativa.

Este foco também faz com que seja mais fácil escrever. Assim que você conhecer seu protagonista e seu desejo, você já terá um caminho traçado para percorrer.

Contudo, comumente há mais no desejo dum personagem do que os olhos podem alcançar. Suspeita-se que Gatsby deseja Daisy porque ela representa "classe" e "sucesso". No fundo de seu coração, Gatsby anseia por ser aceito e admirado pela elite. Talvez ele queira isto por que ele ame de fato Daisy. De certo modo, ela é um meio para um fim. Assim, geralmente, em ficção há um desejo por detrás do desejo.

Isto não faz as coisas ficarem mais complicadas do que o necessário? Bem, não, isto pode fazer com que as coisas ficam mais simples de serem escritas. É difícil construir um enredo sobre alguém perseguindo um desejo abstrato como "classe" ou "sucesso". Como se obtém "classe" ou "sucesso"? Isto não são coisas que você pode pegar com a mão ou capturar ou escrever cenas sobre isto. Na verdade, é mais fácil tornar o desejo imediato algo específico e concreto. Um sábio enredo, Daisy Buchanan funciona bem como um objeto de desejo. Ela dá ao mais profundo desejo de Gatsby um rosto humano.

Esta é uma fórmula simples e que você pode seguir. Pegue um protagonista, dê-lhe um desejo específico e concreto. Se houver camadas de significado sob este desejo, melhor ainda, mas mantenha o protagonista focalizado neste objetivo tangível. Certifique-se de que ele/a queira isto com todo o coração. Então, faça com que conseguir isto seja difícil pra caramba.

(continua...)

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1 comment:

Bruno Bonfim said...

A grafia da palavra em negrito está errada : pessoa perfeita, esta é a fórluma certa para torná-lo tedioso.

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